sexta-feira, 31 de maio de 2024

O Usurpador Luis Felipe.

Luís Felipe, descendia do Rei Luís XIII.

 Nascido no dia 6 de outubro de 1773 em Paris, Luís Filipe era o filho primogénito do REGICIDA Luís Filipe II, Duque de Orleães, apelidado de "Filipe Igualdade" (Philippe Égalité), e guilhotinado durante o Período do Terror na Revolução Francesa. Pertencia à Casa de Orleães, do ramo cadete da Casa de Bourbon, francesa. Sua mãe, Luísa Maria Adelaide de Bourbon, era uma herdeira extremamente rica que descendia do rei Luís XIV de França através de uma linhagem ILEGITIMA, embora o Rei Luís XIV tenha reconhecido o filho Luís Alexandre de Bourbon, Conde de Toulouse fruto de concubinato do Rei Luís XIV com Madame de Montespan , bisavô de Luis Felipe nunca sua descendência teria direito ao Trono da França. 

 

O REGICIDA FELIPE DE ORLEANS. NUNCA OS DESCENDENTES DE UM REGICIDA TERÃO DIREITO AO TRONO FRANCÊS. 


Luís Felipe, era o filho do Regida e portanto sem direito ao Trono.
 
Era primo afastado do Rei Luís XVI e de seus irmãos que vieram a sucede-lo Luís XVIII E Carlos X.

Quando Carlos X abdicou e também o seu filho Duque de Angoulême, no Conde de Chambord seu neto, o Rei escreveu para Luís-Felipe ( o Rei havia lhe devolvido o título, algo que Luís XVIII recusou por causa da alta traição do pai dele, o REGICIDA Felipe Igualdade) que era Tenente General do Exército:

“Rambouillet, este2 de agosto de 1830.
Meu primo, estou profundamente entristecido pelos males que afligem ou podem ameaçar o meu povo para não ter procurado um meio de os prevenir. Resolvi, portanto, abdicar da coroa em favor do meu neto, o duque de Bordéus. O Delfim, que partilha dos meus sentimentos, também renuncia aos seus direitos em favor do sobrinho.
Terá, portanto, na qualidade de tenente-general do Reino, que seja proclamada a adesão de Henrique V à coroa. Você também tomará todas as medidas que lhe dizem respeito para regular as formas de governo durante a minoria do novo Rei. Limito-me aqui a dar a conhecer estas disposições; é uma forma de evitar muitos mais males.
Você comunicará minhas intenções ao corpo diplomático e me informará o mais rápido possível sobre a proclamação pela qual meu neto será reconhecido como rei sob o nome de Henrique V.
Instruo o Tenente General Visconde de Foissac-Latour a lhe entregar esta carta. Ele tem ordens para concordar com você sobre as providências a serem tomadas em favor das pessoas que me acompanharam, bem como sobre as providências adequadas para o que diz respeito a mim e ao resto da minha família.
Acertaremos então as demais medidas que serão consequência da mudança de reinado.
Renovo a você, meu primo, a certeza dos sentimentos com que sou seu afetuoso primo,
Carlos
Luís Antônio »
Abaixo, Carlos X.



Carlos X, o último rei Legitimo da França, acima.

Luís Filipe ignorou o documento e, em 9 de agosto, proclamou-se rei dos franceses .
Além de não ter direito ao trono, esqueceu a mercê do Rei Carlos X com sua família, em lhe restituir os títulos e propriedades, pese a alta traição do pai dele.

 Estando o Herdeiro de Carlos X vivo, o Conde de Chambord, Henrique nunca Luis Felipe poderia ter aceitado ser aclamado como Rei,  ele era parente da Família Real, mas não fazia parte da Familia Real.

 Da parte do pai, descendia de Luís XIII,  os Bourbon descendiam de Luís XIV, SENDO SEUS DESCENDENTES LEGÍTIMOS, enquanto Luís Felipe era descendente por via ilegítima de Luís XIV por parte da mãe, filha do Duque de Pentievre, neto por via ilegítima de Luis XIV. 

Em 1830, Luis Felipe, um Orleães estava entre os lideres da Revolução de Julho uma revolta que derrubou o Rei LEGÍTIMO Carlos X, UM BOURBON LEGÍTIMO.

 Bastaria o fato de ser filho do Regicida Felipe Igualdade para nunca reivindicar o direito ao Trono francês.

 Mesmo assim, ainda poderia ter sido regente do neto de Carlos X, DO CONDE DE CHAMBORD, até a maioridade deste, mas assumiu um trono ao qual não tinha direito.

 Quem ofereceu a Coroa á ele foi a burguesia para obter vantagens, não tendo obviamente legitimidade para passar por cima dos direitos dos Bourbons. 

  "De agora em diante, os banqueiros reinarão na França", como afirmou Jacques Lafitte, banqueiro e político que participou das manobras para colocar Luís Filipe no trono. Ele tinha razão. Todas as facções da burguesia, como industriais e comerciantes, quem assumiu o poder na Monarquia de Julho foi apenas uma parcela da burguesia — a do capital financeiro, representada por banqueiros como Casimire Pérere —, contando com o apoio de ministros como Thiers e Guizot.

A mesma burguesia que sequiosa de poder no tempo de Luis XVI apoiou a Revolução Francesa.

Por 18 anos ele reinou, até que finalmente foi obrigado a abdicar em 1848, vindo a falecer dois anos depois, em 1850. Infelizmente o Conde de Chanbord, não conseguiu o apoio suficiente para ser coroado após esta abdicação e depois outro usurpador que nem sequer tinha nenhum parentesco com os Bourbon assumiu como Napoleão III.

 O Conde de Chambord, veio a falecer em 1883,infelizmente sem filhos.


Henrique, Conde de Chambord.



 Nesse caso, o único Pretendente que poderia reinvindicar o Trono francês  após a sua morte, seria o Ramo Bourbon da Casa real espanhola, por serem descendentes legítimos do Rei Luis XIV, por parte do neto dele Felipe V. 
Nunca um Orleães terá direito ao Trono da França, enquanto houver um Bourbon legitimo. Atualmente o Direito ao Trono Frances, pertence á Luís Afonso, Duque de Anjou. É BISNETO do rei Afonso XIII da Espanha.

 

Princesa Maria Teresa de Lamballe, a amiga famosa da Rainha e que foi também uma mártir.

Princesa de Lamballe, a melhor amiga de Maria Antonieta, rainha da França .

Princesa Maria Luísa Teresa de Saboia ,nascida como uma princesa italiana da Casa de Saboia, filha Luís Vítor, Príncipe de Carignano ( o bisneto dele, sobrinho-neto da Princesa de Lamballe, sucedeu ao trono real como o rei Carlos Alberto da Sardenha, enquanto seu trineto, Vítor Emanuel II, tornou-se o primeiro rei da Itália unificada.
Sua mãe Cristina Henriqueta de Hesse-Rheinfels-Rotemburgo (21 de novembro de 17171 de setembro de 1778) foi uma princesa da Casa de Hesse por nascimento.
Ambos os seus pais morreram em 1778, antes de sua trágica morte.

A Princesa casou-se em 1767 com o príncipe francês Luís Alexandre de Bourbon, Príncipe de Lamballe.


Tornou-se assim membro de um ramo ilegítimo da família real Francesa por seu casamento, em 1767, com o filho do Duque de Penthièvre, que, por sua vez, era filho do Conde de Toulouse, sendo o conde filho legitimado do rei Luís XIV de França e de Francisca Atenas, Madame de Montespan.


Seu marido era um amoral, vindo a falecer jovem deixando a esposa viúva com 19 anos.

Mesmo sofrendo com suas infidelidades, ela tomou conta do marido em seus últimos dias com a cunhada.

Ela pensou em ser freira, mas seu sogro a persuadiu a viver com ele como sua filha.
Seu sogro guarda-a perto dele e, juntos, tornam-se muito ativos em diversas obras piedosas e caridosas. 

Ela era como uma filha para seu sogro.

Duque de Penthiévre, sogro e segundo pai da Princesa de Lamballe.




Ela conhece então Maria Antonieta em 1770 tendo sido sua companhia favorita até 1776, quando infelizmente a Rainha se ligou a Yolanda de Polignac.

Embora o cargo de Superintendente da Casa real da Rainha, não devesse ter sido restaurado pela Rainha

 ( tinha sido sensatamente abolido pela esposa de Luís XV, Rainha Maria Leksenska por causa do alto salário e prerrogativas ) á favor da Princesa de Lamballe, contudo a amizade da Princesa pela Rainha mostrou se comovente e forte, mesmo quando a Rainha -ainda que sem abolir o Cargo-preferiu a Condessa de Polignac á ela como companhia.

Quando Maria Antonieta se tornou Rainha, a Princesa ainda era sua companhia favorita.

Depois que Maria Antonieta se tornou rainha, sua amizade íntima com Maria Teresa recebeu maior atenção, e o Embaixador Mercy relatou:

Sua Majestade vê continuamente a Princesa de Lamballe em seus quartos [...] Esta senhora junta-se a muita doçura um caráter muito sincero, longe de intriga e todas essas preocupações. A rainha concebeu há algum tempo uma verdadeira amizade para esta jovem princesa, e a escolha é excelente, pois embora um piemontês, Madame de Lamballe não é de todo identificado com os interesses de Mesdames de Provence e d'Artois. Mesmo assim, tomei a precaução para indicar à Rainha que seu favor e bondade para a Princesa de Lamballe são um pouco excessivos, a fim de evitar o abuso deles.

 

O fato é que Madame de Polignac convenceu a Rainha a não convidar a Princesa para o teatro no Trianon e apesar de continuar no seu Cargo, a Princesa poucas vezes ia na Corte após Madame de Polignac se tornar a amiga favorita da Rainha.

 Maria Antonieta afastou-se da Princesa de Lamballe porque a Princesa não era dada á divertimentos como a Condessa de Polignac.

A Princesa não gostava da Alta Sociedade, nem era divertida ou espirituosa, sendo suas qualidades mais notáveis a bondade, meiguice , amabilidade, reservada e puritana.

Mas a Rainha nunca deixou de a visitar .

A Princesa durante a década de 1780, teve que interromper suas funções várias vezes em consequencia de sua precária saúde para se tratar muitas vezes na Inglaterra. 

A Rainha se reaproximará dela novamente no tempo da Revolução, retornando em peso a amizade próxima que mantiveram nos primeiros anos.

Maria Antonieta sabia que a Princesa de Lamballe era grã-mestre da maçonaria, e aprovava esse fato, porque apesar de ambas terem bom coração não tinham contudo inteligência suficiente para verem o perigo da maçonaria para o cristianismo.


Farei uma exposição mais ampla dessa Princesa que bem o merece por seu carácter bondoso e puritano e por sua dedicação á Rainha.

Ela foi uma das vítimas mais célebres da Revolução Francesa.

 Pessoa de muito destaque na Corte da França, era aparentada com a Casa Real e era conhecida pela sua boa conduta moral, pela virtude de que tinha dado mostras, suas grandes obras de caridade e pela predileção especial também de que ela gozou, durante algum tempo, da parte da rainha Maria Antonieta.
 
 Acontece que, em determinado momento, Maria Antonieta separou-se da Princesa de Lamballe porque a Princesa não era dada á divertimentos como a Condessa de Polignac e esta foi viajar e passou uma temporada grande em Londres. 

 Nunca guardou ressentimentos por ter sido rejeitada. 

Arrebentou a Revolução Francesa, e ela sentindo que a rainha começava a entrar num ciclo de desgraças, julgou sua obrigação sair de Londres onde estava, para associar-se ao destino da Rainha e escreveu seu testamento.
Seus pais já haviam morrido, mas tinha no sogro um segundo pai. 
 
Ocupando primeiramente aposentos nos Palácio das Tulherias, quando este Palácio foi invadido em Agosto, a Princesa teve um colapso de menores proporções que o habitual, e a Rainha insistiu com ela para que não os acompanha-se á Torre do Templo -tinha pressentimentos sobre a Princesa-mas infelizmente a Princesa recuperou-se e confidenciou a Madame Tourzel que se o ataque tivesse tido as consequencias habituais, ela teria sido incapaz de continuar ali e teria pedido para a levarem para casa do seu sogro e teria voltado para a Inglaterra para tratar da saúde.
 
Estranha ironia do Destino que não causou os danos habituais na sua saúde, levando a mesma a pedir á Rainha que a deixasse acompanha-los á Torre do Templo, pois isso selou seu destino.
 
Foi assim com a Família Real para a Torre do Templo e enquanto a Convenção a deixou permanecer deu sempre provas de grande dedicação á Família Real.

 E morreu vítima da dedicação que tinha  à Rainha. 

A Princesa de Lamballe, como muitos nobres daquele tempo, provavelmente ignorando o que havia de ruim na maçonaria, aceitou ser grã-mestre da maçonaria francesa; enquanto o cunhado dela, o duque de Orléans, era o grão-mestre da maçonaria francesa.
Infelizmente era ingênua e infantil.
Tinha uma saúde muito frágil, sujeita á colapsos nervosos de acordo com as Memórias de Madame Tourzel. 
Ela sofria do que foi descrito como "nervosismo, convulsões, desmaios" e, segundo relatos, podia desmaiar e permanecer inconsciente por horas mas nesse tempo como por milagre, tinha recuperado sua saúde.

 

 Dia 18 de Agosto á noite, ano de 1792 vieram buscar a Princesa de Lamballe, juntamente com Madame Tourzel e a filha desta Pauline,( também grandes amigas da Familia Real ) um guarda municipal que disse que só seriam interrogadas e logo voltariam. 
 
A Rainha inclusive sabendo da fragilidade da Princesa e que iriam ficar na prisão no mínimo por alguns dias pediu á Madame Tourzel que cuidasse da Princesa de Lamballe:
 
Se não tivermos a sorte de voltar-mos a nos ver , peço-vos que cuideis da Senhora de Lamballe, tomai vós a palavra em todos os momentos essenciais, e sempre que possível evitai que tenha que responder á perguntas capciosas e embaraçantes. 
 
Então as três foram conduzidas a interrogatório.
Na ocasião a Princesa de Lamballe não era a mais visada, mas sim Madame de Tourzel, por ser ama do Delfim e ter acompanhado os Reis na fuga.
 
As respostas satisfizeram e estiveram prestes a deixa-las voltar para junto dos soberanos, mas por causa do protesto de um eminente jacobino, foram mandadas as três para a prisão de La Force. 
 
Quando a Princesa de Lamballe tomou conhecimento que iam para a prisão de La Force,e não para junto dos Soberanos, apertou a mão da Senhora de Tourzel e disse-lhe: 
 
Espero que ao menos não nos separem. 
 
Na primeira noite separaram as três, mas na segunda noite um carcereiro se comoveu e juntou a Senhora de Tourzel e a filha, juntamente com a Princesa de Lamballe que tinha uma cela melhor graças ás grandes somas que seu sogro enviava para a Comuna de Paris.
E tiveram autorização para mandar pedir as poucas coisas que tinham na Torre do Templo ( porque haviam perdido quase tudo na invasão do Palácio das Tulherias), tendo a Rainha pessoalmente se encarregado de tudo, inclusive mandado alguns pertences seus.
 
Nas suas Memórias, Madame de Torzel descreve que ela, a sua  filha e a Princesa de Lamballe ocuparam o tempo com a limpeza do quarto, costura e leitura, sem nunca deixarem de pensar na Família Real.
E com esperanças que as Potências estrangeiras interviessem e salvassem a Família Real e pudessem voltar sãos e salvos para junto dos Soberanos.
 
A Princesa é descrita nas Memórias de Madame Tourzel como meiga, boa e amável.
 
A princesa pedia ás duas que lhe falassem com franqueza e Madame de Tourzel disse-lhe que uma mulher honrada como ela deveria deixar pequenas infantilidades que a prejudicavam,e a Princesa respondeu que voltaria a praticar os principios religiosos dos quais havia se afastado.
 
A Princesa tinha grande amizade pela Senhora de Tourzel e a filha e elas retribuíam seu afeto.
Naqueles 15 dias que viveram na mesma cela, as três tornaram-se um só coração e uma só alma.
 
Foi-lhes autorizado escreverem e receberem cartas, tendo a Princesa recebido uma carta de seu amado sogro.
Inclusive tiveram autorização para passear á tarde.
 
Madame de Tourzel deixou escrito que durante a permanência da Princesa na Torre do Templo e de pois em La Force, a Princesa mostrou grande coragem e sua saúde melhorou, oque é incrivel realmente . 
 
 
Este inclusive ofereceu metade da sua fortuna á Convenção para a libertarem, mas foi recusado. 

 Dia 2 de Setembro, o carcereiro que era amigo delas entrou na cela apavorado e disse: Não deveis sair hoje do vosso quarto, os estrangeiros estão a avançar e há grande inquietação em Paris.
 
As três se encomendaram á deus e depois das orações da noite se deitaram.
 
 Mal tinham começado a dormir quando um homem bem posto e agradavel,  vieo buscar Pauline  ( para salva-la mas sem o mencionarem ) e a sua mãe  Senhora de Tourzel ficou muito abalada tendo sido a Princesa de Lamballe que a ajudou a vestir-se.
 
Madame de Tourzel manteve-se em estado de choque algum tempo, tendo sido a Princesa que a encorajou e acalmou.
 
No dia 3 de Sembro ás 06:00 da manhã, entraram homens armados e perguntaram os nomes delas e saíram.
 
Palavras da senhora de Tourzel:
 
Querida Princesa, este nosso dia anuncia-se muito sombrio, não sabemos aquilo a que os ceús nos destinam, temos de nos reconciliar com Deus e pedir-lhe  perdão pelos nossos erros, assim rezemos o Miserere, o Confiteor e o Ato de Contrição.
Fizemos em conjunto essas orações , ás quais acrescentamos a oração habitual de todas as manhãs, enquanto nos encorajávamos mutuamente.
 
E espreitando pela janela viram um ajuntamento grande de pessoas á entrada da prisão, oque não era bom sinal. 
De comum acordo, a Princesa e a Senhora de Tourzel puseram-se a costurar para aliviarem seus pensamentos.
 
Infelizmente, ás 11 da manhã vieram buscar a Princesa de Lamballe, homens armados e 
um dos assassinos que devia levá-la, inclinou-se sobre ela e lhe sussurrou no ouvido que obedecesse.

 A sua salvação dependia disso. Então, ela pediu àqueles homens que a deixassem só um instante para que ela pudesse se vestir. 
Logo depois, ela aceitou o braço de um soldado, porque ela não podia se sustentar
Apesar de não terem chamado a Senhora de Tourzel, esta não a abandonou e acompanhou a Princesa.
 
Esta estava fraca e pediu pão e vinho e ambas comeram, mal sabendo a Princesa que era sua última refeição.
 
Estavam as duas sentadas no pátio, quando vieram buscar a Princesa para a levarem á esse pavoroso tribunal popular ( sem nenhum apoio na Lei ) e as duas apertaram as mãos pela última vez.
 
 “Quando viu as espadas desnudas e os assassinos todos manchados de sangue, e ouviu também o clamor das vítimas, ela caiu desmaiada.

 Sua camareira, Mme. de Navarre – sua dama de companhia aliás – fê-la voltar a si com dificuldade. Logo começou o julgamento.

  “Quem sois? Perguntaram. “- Maria Luiza, Princesa de Sabóia”. Ela era nascida italiana – Princesa de Sabóia, casada com um Príncipe francês.
 “- Qual é seu emprego? “Diz ela: – dama de honra da rainha.
 “- Tivestes conhecimento da conspiração da Corte no dia 10 de Agosto?
 “Resposta dela: – eu não sei de que em 10 de Agosto tenha havido qualquer conspiração. Mas eu sei dizer que eu nunca ouvi falar de semelhantes coisas.
 “- Jurais ser fiel à liberdade e igualdade e jurais ódio contra o rei?
 “Diz ela: – eu jurarei de bom agrado as duas primeiras coisas: liberdade e igualdade. A última eu não posso jurar, pois que meu coração contradiz a semelhante juramento.
 “Um dos que estavam por detrás dela lhe sussurrou no ouvido: – entretanto, jurai, senão vós estais morta.
 “A Princesa não respondeu e deu um passo em direção à porta. O juiz exclamou: – levem essa senhora à Abadia. “Os carrascos que estavam lá acorreram e a porta abriu-se diante dela.
 Gritaram: – Viva a Nação!
 “Ela, ouvindo esses berros e ao mesmo tempo vendo os assassinos e os cadáveres, exclamou: – Meu Deus! Estou perdida!

“Neste instante recebeu uma ferida na cabeça que encheu o seu rosto de sangue. “Um dos homens que ali estavam a jogou no chão e os outros a traspassaram com lanças e espadas. Seu belo corpo foi imediatamente desnudado e mutilado do modo mais afrontoso. 

 “A cabeça, cuja face estava enobrecida pela morte, foi primeiro colocada como espetáculo da massa numa taverna e se brindou à morte dela.” 
“Logo foi colocada sobre uma lança que foi coberta por seus formosos cachos louros, e ela foi levada pelas ruas e pelas casas onde tinha vivido e tinha visitado a miúdo, como se a morta ainda pudesse ter um sentimento por isso.

 “Subitamente se disse entre a canalha, que se devia mostrar a cabeça aos prisioneiros do Templo, para que vissem de que modo se vinga o povo de seus inimigos”. Os prisioneiros do Templo eram o rei e a rainha, que estavam presos na torre do Templo.

 “O rei foi então convidado a mostrar-se ao público e então puseram diante dele a cabeça de Mme de Lamballe, que ele olhou com horror.

” Os senhores podem imaginar a cena naturalmente… “Também a rainha devia aparecer na janela, mas desmaiou. Quem fazia isso com quem era menos, o que não faria com quem era mais?… “Uma dama da rainha, à qual também se levou a cabeça para ver, caiu desmaiada à vista da cabeça e morreu poucos dias depois por efeito do terror.

 “Criados fiéis ao duque de Penthièvre, que era o sogro dela, que venerava sua nora por suas virtudes, perseguiam os assassinos com consideráveis somas de dinheiro no bolso e procuraram uma ocasião de comprar-lhes as caras relíquias. 

 Eles conseguiram comprar a cabeça, a qual foi trancada num cofre de chumbo e enterrada na sepultura da família, em Dreux.

 A notícia da horrenda morte de sua nora causou a morte do duque. 

 Grande Deus, exclamou, para que servem a juventude, a formosura e a graça, se nem sequer já encontram mais favor diante do povo? Durante anos eu vivi com ela e nunca encontrei em sua alma um pensamento que não fosse pela rainha, para mim e para os pobres. E a esse anjo, puderam fazê-lo em pedaços!” 

O duque de Penthièvre,( neto por via ilegitima do Rei Luis XIV)  que era o sogro dela, era um homem tão esmoler – ele era imensamente rico –, que durante a Revolução contra ele não ousaram fazer nada.
 E ele morreu  na cama, tendo adoecido de desgosto pela morte de sua amada nora e depois do rei Luís XVI, em Março de 1793.
 
 Porque a popularidade dele era tal, que não houve meio de animar os assassinos a tocarem nele. Esta princesa era companheira dele nessas doações, porque ela era viúva, e vivia em casa do sogro e participava da ação caritativa do sogro.

 Os senhores veem, portanto, aqui, o espírito, a mentalidade da Revolução Francesa que é tal e qual da Revolução comunista na Rússia. E que fez exatamente com os descendentes do Tzar a mesmíssima coisa. E é a mentalidade do comunismo na América do Sul.
 
 
Esta morte, cruel e bárbara  foi ao mesmo tempo uma morte que revelou a abnegação dela.

 Sua morte tem algo de um martírio e neste sentido ela é sublime. Ela morreu por encarnar princípios, tradições e instituições que o ódio satânico da Revolução queria destruir. E neste sentido, teve algo de martírio.