Princesa de Lamballe, a melhor amiga de Maria Antonieta, rainha da França .
Princesa Maria Luísa Teresa de Saboia ,nascida como uma princesa italiana da
Casa de Saboia, filha Luís Vítor, Príncipe de Carignano ( o bisneto dele, sobrinho-neto da Princesa de Lamballe, sucedeu ao trono real como o rei
Carlos Alberto da Sardenha, enquanto seu trineto,
Vítor Emanuel II, tornou-se o primeiro rei da Itália unificada.
Sua mãe Cristina Henriqueta de Hesse-Rheinfels-Rotemburgo (
21 de novembro de
1717 –
1 de setembro de
1778) foi uma princesa da
Casa de Hesse por nascimento.
Ambos os seus pais morreram em 1778, antes de sua trágica morte.
A Princesa casou-se em 1767 com o príncipe francês Luís Alexandre de Bourbon, Príncipe de Lamballe.
Tornou-se assim membro de um ramo ilegítimo da família real Francesa por seu casamento, em 1767, com o filho do Duque de Penthièvre, que, por sua vez, era filho do Conde de Toulouse, sendo o conde filho legitimado do rei Luís XIV de França e de Francisca Atenas, Madame de Montespan.
Seu marido era um amoral, vindo a falecer jovem deixando a esposa viúva com 19 anos.
Mesmo sofrendo com suas infidelidades, ela tomou conta do marido em seus últimos dias com a cunhada.
Ela pensou em ser freira, mas seu sogro a persuadiu a viver com ele como sua filha.
Seu sogro guarda-a perto dele e, juntos, tornam-se muito ativos em diversas obras piedosas e caridosas.
Ela era como uma filha para seu sogro.
Duque de Penthiévre, sogro e segundo pai da Princesa de Lamballe.
Ela conhece então Maria Antonieta em 1770 tendo sido sua companhia favorita até 1776, quando infelizmente a Rainha se ligou a Yolanda de Polignac.
Embora o cargo de Superintendente da Casa real da Rainha, não devesse ter sido restaurado pela Rainha
( tinha sido sensatamente abolido pela esposa de Luís XV, Rainha Maria Leksenska por causa do alto salário e prerrogativas ) á favor da Princesa de Lamballe, contudo a amizade da Princesa pela Rainha mostrou se comovente e forte, mesmo quando a Rainha -ainda que sem abolir o Cargo-preferiu a Condessa de Polignac á ela como companhia.
Quando Maria Antonieta se tornou Rainha, a Princesa ainda era sua companhia favorita.
Depois que Maria Antonieta se tornou rainha, sua amizade íntima com
Maria Teresa recebeu maior atenção, e o Embaixador Mercy relatou:
Sua Majestade vê continuamente a Princesa de Lamballe em
seus quartos [...] Esta senhora junta-se a muita doçura um caráter muito
sincero, longe de intriga e todas essas preocupações. A rainha concebeu
há algum tempo uma verdadeira amizade para esta jovem princesa, e a
escolha é excelente, pois embora um piemontês, Madame de Lamballe não é
de todo identificado com os interesses de Mesdames de Provence e
d'Artois. Mesmo assim, tomei a precaução para indicar à Rainha que seu
favor e bondade para a Princesa de Lamballe são um pouco excessivos, a
fim de evitar o abuso deles.
O fato é que Madame de Polignac convenceu a Rainha a não convidar a Princesa para o teatro no Trianon e apesar de continuar no seu Cargo, a Princesa poucas vezes ia na Corte após Madame de Polignac se tornar a amiga favorita da Rainha.
Maria Antonieta afastou-se da Princesa de Lamballe porque a Princesa não era dada á divertimentos como a Condessa de Polignac.
A Princesa não gostava da Alta Sociedade, nem era divertida ou espirituosa, sendo suas qualidades mais notáveis a bondade, meiguice , amabilidade, reservada e puritana.
Mas a Rainha nunca deixou de a visitar .
A Princesa durante a década de 1780, teve que interromper suas funções várias vezes em consequencia de sua precária saúde para se tratar muitas vezes na Inglaterra.
A Rainha se reaproximará dela novamente no tempo da Revolução, retornando em peso a amizade próxima que mantiveram nos primeiros anos.
Maria Antonieta sabia que a Princesa de Lamballe era grã-mestre da
maçonaria, e aprovava esse fato, porque apesar de ambas terem bom
coração não tinham contudo inteligência suficiente para verem o perigo
da maçonaria para o cristianismo.
Farei uma exposição mais ampla dessa Princesa que bem o merece por seu carácter bondoso e puritano e por sua dedicação á Rainha.
Ela foi uma das vítimas mais célebres da Revolução Francesa.
Pessoa de muito destaque na Corte da França, era aparentada com a Casa Real e era conhecida pela sua boa conduta moral, pela virtude de que tinha dado mostras, suas grandes obras de caridade e pela predileção especial também de que ela gozou, durante algum tempo, da parte da rainha Maria Antonieta.
Acontece que, em determinado momento, Maria Antonieta separou-se da Princesa de Lamballe porque a Princesa não era dada á divertimentos como a Condessa de Polignac e esta foi viajar e passou uma temporada grande em Londres.
Nunca guardou ressentimentos por ter sido rejeitada.
Arrebentou a Revolução Francesa, e ela sentindo que a rainha começava a entrar num ciclo de desgraças, julgou sua obrigação sair de Londres onde estava, para associar-se ao destino da Rainha e escreveu seu testamento.
Seus pais já haviam morrido, mas tinha no sogro um segundo pai.
Ocupando primeiramente aposentos nos Palácio das Tulherias, quando este Palácio foi invadido em Agosto, a Princesa teve um colapso de menores proporções que o habitual, e a Rainha insistiu com ela para que não os acompanha-se á Torre do Templo -tinha pressentimentos sobre a Princesa-mas infelizmente a Princesa recuperou-se e confidenciou a Madame Tourzel que se o ataque tivesse tido as consequencias habituais, ela teria sido incapaz de continuar ali e teria pedido para a levarem para casa do seu sogro e teria voltado para a Inglaterra para tratar da saúde.
Estranha ironia do Destino que não causou os danos habituais na sua saúde, levando a mesma a pedir á Rainha que a deixasse acompanha-los á Torre do Templo, pois isso selou seu destino.
Foi assim com a Família Real para a Torre do Templo e enquanto a Convenção a deixou permanecer deu sempre provas de grande dedicação á Família Real.
E morreu vítima da dedicação que tinha à Rainha.
A Princesa de Lamballe, como muitos nobres daquele tempo, provavelmente ignorando o que havia de ruim na maçonaria, aceitou ser grã-mestre da maçonaria francesa; enquanto o cunhado dela, o duque de Orléans, era o grão-mestre da maçonaria francesa.
Infelizmente era ingênua e infantil.
Tinha uma saúde muito frágil, sujeita á colapsos nervosos de acordo com as Memórias de Madame Tourzel.
Ela sofria do que foi descrito como "nervosismo, convulsões, desmaios"
e, segundo relatos, podia desmaiar e permanecer inconsciente por horas mas nesse tempo como por milagre, tinha recuperado sua saúde.
Dia 18 de Agosto á noite, ano de 1792 vieram buscar a Princesa de Lamballe, juntamente com Madame Tourzel e a filha desta Pauline,( também grandes amigas da Familia Real ) um guarda municipal que disse que só seriam interrogadas e logo voltariam.
A Rainha inclusive sabendo da fragilidade da Princesa e que iriam ficar na prisão no mínimo por alguns dias pediu á Madame Tourzel que cuidasse da Princesa de Lamballe:
Se não tivermos a sorte de voltar-mos a nos ver , peço-vos que cuideis da Senhora de Lamballe, tomai vós a palavra em todos os momentos essenciais, e sempre que possível evitai que tenha que responder á perguntas capciosas e embaraçantes.
Então as três foram conduzidas a interrogatório.
Na ocasião a Princesa de Lamballe não era a mais visada, mas sim Madame de Tourzel, por ser ama do Delfim e ter acompanhado os Reis na fuga.
As respostas satisfizeram e estiveram prestes a deixa-las voltar para junto dos soberanos, mas por causa do protesto de um eminente jacobino, foram mandadas as três para a prisão de La Force.
Quando a Princesa de Lamballe tomou conhecimento que iam para a prisão de La Force,e não para junto dos Soberanos, apertou a mão da Senhora de Tourzel e disse-lhe:
Espero que ao menos não nos separem.
Na primeira noite separaram as três, mas na segunda noite um carcereiro se comoveu e juntou a Senhora de Tourzel e a filha, juntamente com a Princesa de Lamballe que tinha uma cela melhor graças ás grandes somas que seu sogro enviava para a Comuna de Paris.
E tiveram autorização para mandar pedir as poucas coisas que tinham na Torre do Templo ( porque haviam perdido quase tudo na invasão do Palácio das Tulherias), tendo a Rainha pessoalmente se encarregado de tudo, inclusive mandado alguns pertences seus.
Nas suas Memórias, Madame de Torzel descreve que ela, a sua filha e a Princesa de Lamballe ocuparam o tempo com a limpeza do quarto, costura e leitura, sem nunca deixarem de pensar na Família Real.
E com esperanças que as Potências estrangeiras interviessem e salvassem a Família Real e pudessem voltar sãos e salvos para junto dos Soberanos.
A Princesa é descrita nas Memórias de Madame Tourzel como meiga, boa e amável.
A princesa pedia ás duas que lhe falassem com franqueza e Madame de Tourzel disse-lhe que uma mulher honrada como ela deveria deixar pequenas infantilidades que a prejudicavam,e a Princesa respondeu que voltaria a praticar os principios religiosos dos quais havia se afastado.
A Princesa tinha grande amizade pela Senhora de Tourzel e a filha e elas retribuíam seu afeto.
Naqueles 15 dias que viveram na mesma cela, as três tornaram-se um só coração e uma só alma.
Foi-lhes autorizado escreverem e receberem cartas, tendo a Princesa recebido uma carta de seu amado sogro.
Inclusive tiveram autorização para passear á tarde.
Madame de Tourzel deixou escrito que durante a permanência da Princesa na Torre do Templo e de pois em La Force, a Princesa mostrou grande coragem e sua saúde melhorou, oque é incrivel realmente .
Este inclusive ofereceu metade da sua fortuna á Convenção para a libertarem, mas foi recusado.
Dia 2 de Setembro, o carcereiro que era amigo delas entrou na cela apavorado e disse: Não deveis sair hoje do vosso quarto, os estrangeiros estão a avançar e há grande inquietação em Paris.
As três se encomendaram á deus e depois das orações da noite se deitaram.
Mal tinham começado a dormir quando um homem bem posto e agradavel, vieo buscar Pauline ( para salva-la mas sem o mencionarem ) e a sua mãe Senhora de Tourzel ficou muito abalada tendo sido a Princesa de Lamballe que a ajudou a vestir-se.
Madame de Tourzel manteve-se em estado de choque algum tempo, tendo sido a Princesa que a encorajou e acalmou.
No dia 3 de Sembro ás 06:00 da manhã, entraram homens armados e perguntaram os nomes delas e saíram.
Palavras da senhora de Tourzel:
Querida Princesa, este nosso dia anuncia-se muito sombrio, não sabemos aquilo a que os ceús nos destinam, temos de nos reconciliar com Deus e pedir-lhe perdão pelos nossos erros, assim rezemos o Miserere, o Confiteor e o Ato de Contrição.
Fizemos em conjunto essas orações , ás quais acrescentamos a oração habitual de todas as manhãs, enquanto nos encorajávamos mutuamente.
E espreitando pela janela viram um ajuntamento grande de pessoas á entrada da prisão, oque não era bom sinal.
De comum acordo, a Princesa e a Senhora de Tourzel puseram-se a costurar para aliviarem seus pensamentos.
Infelizmente, ás 11 da manhã vieram buscar a Princesa de Lamballe, homens armados e um dos assassinos que devia levá-la, inclinou-se sobre ela e lhe sussurrou no ouvido que obedecesse.
A
sua salvação dependia disso. Então, ela pediu àqueles homens que a
deixassem só um instante para que ela pudesse se vestir.
Logo depois,
ela aceitou o braço de um soldado, porque ela não podia se sustentar
Apesar de não terem chamado a Senhora de Tourzel, esta não a abandonou e acompanhou a Princesa.
Esta estava fraca e pediu pão e vinho e ambas comeram, mal sabendo a Princesa que era sua última refeição.
Estavam as duas sentadas no pátio, quando vieram buscar a Princesa para a levarem á esse pavoroso tribunal popular ( sem nenhum apoio na Lei ) e as duas apertaram as mãos pela última vez.
“Quando viu as espadas desnudas e os assassinos todos manchados de sangue, e ouviu também o clamor das vítimas, ela caiu desmaiada.
Sua camareira, Mme. de Navarre – sua dama de companhia aliás – fê-la voltar a si com dificuldade. Logo começou o julgamento.
“Quem sois? Perguntaram.
“- Maria Luiza, Princesa de Sabóia”.
Ela era nascida italiana – Princesa de Sabóia, casada com um Príncipe francês.
“- Qual é seu emprego?
“Diz ela: – dama de honra da rainha.
“- Tivestes conhecimento da conspiração da Corte no dia 10 de Agosto?
“Resposta dela: – eu não sei de que em 10 de Agosto tenha havido qualquer conspiração. Mas eu sei dizer que eu nunca ouvi falar de semelhantes coisas.
“- Jurais ser fiel à liberdade e igualdade e jurais ódio contra o rei?
“Diz ela: – eu jurarei de bom agrado as duas primeiras coisas: liberdade e igualdade. A última eu não posso jurar, pois que meu coração contradiz a semelhante juramento.
“Um dos que estavam por detrás dela lhe sussurrou no ouvido: – entretanto, jurai, senão vós estais morta.
“A Princesa não respondeu e deu um passo em direção à porta. O juiz exclamou: – levem essa senhora à Abadia.
“Os carrascos que estavam lá acorreram e a porta abriu-se diante dela.
Gritaram: – Viva a Nação!
“Ela, ouvindo esses berros e ao mesmo tempo vendo os assassinos e os cadáveres, exclamou: – Meu Deus! Estou perdida!
“Neste instante recebeu uma ferida na cabeça que encheu o seu rosto de sangue.
“Um dos homens que ali estavam a jogou no chão e os outros a traspassaram com lanças e espadas. Seu belo corpo foi imediatamente desnudado e mutilado do modo mais afrontoso.
“A cabeça, cuja face estava enobrecida pela morte, foi primeiro colocada como espetáculo da massa numa taverna e se brindou à morte dela.”
“Logo foi colocada sobre uma lança que foi coberta por seus formosos cachos louros, e ela foi levada pelas ruas e pelas casas onde tinha vivido e tinha visitado a miúdo, como se a morta ainda pudesse ter um sentimento por isso.
“Subitamente se disse entre a canalha, que se devia mostrar a cabeça aos prisioneiros do Templo, para que vissem de que modo se vinga o povo de seus inimigos”.
Os prisioneiros do Templo eram o rei e a rainha, que estavam presos na torre do Templo.
“O rei foi então convidado a mostrar-se ao público e então puseram diante dele a cabeça de Mme de Lamballe, que ele olhou com horror.
”
Os senhores podem imaginar a cena naturalmente…
“Também a rainha devia aparecer na janela, mas desmaiou.
Quem fazia isso com quem era menos, o que não faria com quem era mais?…
“Uma dama da rainha, à qual também se levou a cabeça para ver, caiu desmaiada à vista da cabeça e morreu poucos dias depois por efeito do terror.
“Criados fiéis ao duque de Penthièvre, que era o sogro dela, que venerava sua nora por suas virtudes, perseguiam os assassinos com consideráveis somas de dinheiro no bolso e procuraram uma ocasião de comprar-lhes as caras relíquias.
Eles conseguiram comprar a cabeça, a qual foi trancada num cofre de chumbo e enterrada na sepultura da família, em Dreux.
A notícia da horrenda morte de sua nora causou a morte do duque.
Grande Deus, exclamou, para que servem a juventude, a formosura e a graça, se nem sequer já encontram mais favor diante do povo? Durante anos eu vivi com ela e nunca encontrei em sua alma um pensamento que não fosse pela rainha, para mim e para os pobres. E a esse anjo, puderam fazê-lo em pedaços!”
O duque de Penthièvre,( neto por via ilegitima do Rei Luis XIV) que era o sogro dela, era um homem tão esmoler – ele era imensamente rico –, que durante a Revolução contra ele não ousaram fazer nada.
E ele morreu na cama, tendo adoecido de desgosto pela morte de sua amada nora e depois do rei Luís XVI, em Março de 1793.
Porque a popularidade dele era tal, que não houve meio de animar os assassinos a tocarem nele.
Esta princesa era companheira dele nessas doações, porque ela era viúva, e vivia em casa do sogro e participava da ação caritativa do sogro.
Os senhores veem, portanto, aqui, o espírito, a mentalidade da Revolução Francesa que é tal e qual da Revolução comunista na Rússia. E que fez exatamente com os descendentes do Tzar a mesmíssima coisa. E é a mentalidade do comunismo na América do Sul.
Esta morte, cruel e bárbara foi ao mesmo tempo uma morte que revelou a abnegação dela.
Sua
morte tem algo de um martírio e neste sentido ela é sublime.
Ela morreu por encarnar princípios, tradições e instituições que o ódio
satânico da Revolução queria destruir. E neste sentido, teve algo de
martírio.